Clonagem garante uniformização dos extractos farmacêuticos comercializados
Um programa de uniformização genética de plantas medicinais está a ser desenvolvido no Laboratório de Fisiologia de Plantas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Realizado em parceria com uma empresa farmacêutica (o Laboratório Simões) e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), ele consiste na clonagem de plantas para utilização em extractos farmacêuticos. O objetivo é que os fitoterápicos produzidos tenham sempre o mesmo efeito, ao contrário do que ocorre hoje. "Como o fitoterápico é feito apenas a partir da planta, ele depende muito de sua qualidade", explica Celso Lage, coordenador do projecto. "Por isso, a quantidade do princípio activo varia tanto que um medicamento pode funcionar muito bem num dia e ser ineficaz no outro."
A erva-de-bicho (Polygonum acuminatum), clonada para a produção de pomada contra hemorróidas.
No laboratório universitário, as mudas são plantadas em recipientes contendo um gel composto de nutrientes e açúcar e estimuladas com hormonas vegetais, para acelerar seu crescimento. Posteriormente, as sementes (esterilizadas com água sanitária e álcool) ou mudas são replantadas em outros recipientes sob as mesmas condições, gerando plantas idênticas à original. "Trabalhamos com 4 ou 5 clones, para garantir a selecção natural", diz Lage. Segundo ele, o uso de apenas uma planta no processo impediria o possível aparecimento de linhagens com maior quantidade de princípio activo.
Em seguida, as plantas são levadas do laboratório para uma fazenda em Muriaé (MG). Lá, elas passam por um período de aclimatização de 20 a 30 dias, em que são plantadas em substratos agrícolas (compostos a partir de nutrientes misturados com serragem ou com o mineral vermiculita) e protegidas de insectos por telas. Depois desse tempo, estão prontas para serem inseridas no campo em condições normais.
Actualmente, estão sendo desenvolvidos clones de oito espécies: erva cidreira, erva-de-bicho, cinerária, camomila, cirtopódio, chapéu-de-couro, calêndula e quebra-pedra. Três delas já estão plantadas na fazenda: a erva cidreira (com ação tranqüilizante), a erva-de-bicho (usada na fabricação de pomadas contra hemorróidas - já desenvolvidas pelo Laboratório Simões) e a cinerária (matéria-prima de colírios eficazes contra catarata). A acção desta última ainda é inexplicável para os pesquisadores, que não conseguem entender como uma doença no interior do globo ocular pode ser afectada por uma substância pingada na sua superfície.
Por meio do incentivo ao cultivo que sua técnica representa, Celso Lage espera que o extractivismo predatório das plantas medicinais seja contido. "Muita gente invade reservas atrás dessas plantas. A partir do momento em que elas passarem a ser cultivadas, o problema certamente acabará", imagina.
Leonardo Cosendey
Ciência Hoje/RJ
15/09/00
A erva-de-bicho (Polygonum acuminatum), clonada para a produção de pomada contra hemorróidas.
No laboratório universitário, as mudas são plantadas em recipientes contendo um gel composto de nutrientes e açúcar e estimuladas com hormonas vegetais, para acelerar seu crescimento. Posteriormente, as sementes (esterilizadas com água sanitária e álcool) ou mudas são replantadas em outros recipientes sob as mesmas condições, gerando plantas idênticas à original. "Trabalhamos com 4 ou 5 clones, para garantir a selecção natural", diz Lage. Segundo ele, o uso de apenas uma planta no processo impediria o possível aparecimento de linhagens com maior quantidade de princípio activo.
Em seguida, as plantas são levadas do laboratório para uma fazenda em Muriaé (MG). Lá, elas passam por um período de aclimatização de 20 a 30 dias, em que são plantadas em substratos agrícolas (compostos a partir de nutrientes misturados com serragem ou com o mineral vermiculita) e protegidas de insectos por telas. Depois desse tempo, estão prontas para serem inseridas no campo em condições normais.
Actualmente, estão sendo desenvolvidos clones de oito espécies: erva cidreira, erva-de-bicho, cinerária, camomila, cirtopódio, chapéu-de-couro, calêndula e quebra-pedra. Três delas já estão plantadas na fazenda: a erva cidreira (com ação tranqüilizante), a erva-de-bicho (usada na fabricação de pomadas contra hemorróidas - já desenvolvidas pelo Laboratório Simões) e a cinerária (matéria-prima de colírios eficazes contra catarata). A acção desta última ainda é inexplicável para os pesquisadores, que não conseguem entender como uma doença no interior do globo ocular pode ser afectada por uma substância pingada na sua superfície.
Por meio do incentivo ao cultivo que sua técnica representa, Celso Lage espera que o extractivismo predatório das plantas medicinais seja contido. "Muita gente invade reservas atrás dessas plantas. A partir do momento em que elas passarem a ser cultivadas, o problema certamente acabará", imagina.
Leonardo Cosendey
Ciência Hoje/RJ
15/09/00
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