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Thursday, June 07, 2007

Controlo de pragas



Praga
– abundância de indivíduos de uma espécie indesejável para o ser humano. As pragas disseminam doenças, competem pelo alimento, invadem campos de cultura e jardins ou são, simplesmente, incómodas.


Em ecossistemas naturais e agrossistemas de policultura, as populações das espécies consideradas como pragas encontram-se em equílibrio dinâmico com as populações de predadores e de espécies patogénicas e os danos que causam a estes sistemas não são muito graves.

Em agrossistemas de monocultura, a falta de biodiversidade limita as interacções entre diferentes populações e as pragas tornam-se um problema grave que é tradicionalmente combatido pela aplicação de agentes biocidas.

Pesticida – produto químico utilizado no controlo de pragas.

Os biocidas, dependendo da sua composição, actuam a diferentes níveis:
  • reguladores de crescimento, inibindo-o;
  • inibidores de biossíntese de ácidos nucleícos, lípidos ou pigmentos;
  • inibidores do desenvolvimento de plântulas;
  • inibidores de fotossíntese;
  • desorganizadores da membrana plasmática.
Os pesticidas caracterizam-se pelo seu espectro de acção e persistência.
Espectro de acção – está relacionado com a quantidade de espécies para as quais é tóxico.

Persistência – é dada pelo intervalo de tempo que permanece activo. Pesticidas com grande persistência podem permanecer activos durante alguns anos e pesticidas com baixa persistência são activos durante algumas horas.

A utilização de pesticidas, embora permita aumentar a produtividade agrícola e combater a expansão de certas doenças, apresenta desvantagens:
  • leva ao desenvolvimento de variedades resistentes por um mecanismo de selecção natural dirigida. O desenvolvimento destas variedades resistentes é tanto mais rápido quanto mais curto for o ciclo reprodutor da espécie;
  • afecta outros organismos, incluindo, por vezes, os predadores naturais das pragas, introduzindo desiquilíbrios nos ecossistemas que se podem traduzir por um agravamento das pragas;
Pode originar:
Bioacumulação – absorção e armazenamento das moléculas do pesticida , em tecidos ou órgão específicos, numa concentração mais elevada do que aquela que seria de esperar.
Bioampliação – aumento da concentração do pesticida, de nível trófico para nível trófico, ao longo das cadeias alimentares.

Ameaça a saúde humana de forma directa, por envenenamento, e de forma indirecta, por bioacumulação e bioampliação.

Métodos alternativos de controlo de pragas:

Práticas de cultura alternativas:

Certas práticas agrícolas permitem reduzir os danos causados pelas pragas, entre as quais:
  • rotação de culturas;
  • plantação de sebes em redor das culturas, o que cria habitats para os inimigos naturais das pragas;
  • cultivo de espécies em locais onde não existam as pragas que as atacam;
  • ajuste dos ciclos de cultura, de forma a fazer coincidir a altura de maior produção com a fase do ciclo de vida em que a praga é menos activa;
  • culturas marginais, que desviam as pragas.


Controlo Biológico:

Regulação das populações de pragas pelos seus inimigos naturais, como predadores, parasitas e agentes patogénicos.

É um método de regulação selectivo e não tóxico.

Desvantagens:
  • a tarefa de seleccionar o melhor inimigo natural e produzi-lo em grande quantidade é complexa e demorada;
  • a acção dos inimigos naturais sobre as pragas é mais lenta do que a dos pesticidas químicos;
  • na falta de um controlo rigoroso, as populações dos inimigos naturais podem aumentar e transformar-se numa nova praga.
Esterilização de insectos:

Machos de insectos criados em laboratório e tornados estéreis são libertados numa zona infestada. O seu acasalamento com as fêmeas não produz descendência e a população da praga diminui.

Desvantagens:
  • funciona apenas com algumas espécies;
  • é dispendioso;
  • requer uma aplicação continua, o que se traduz na necessidade de grandes quantidades de machos.
Utilização de feromonas: As feromonas são substâncias produzidas pelos animais e que lhes permitem estabelecer comunicação. Nos insectos, são libertadas na altura do acasalamento para atrair o parceiro.

As feromonas podem ser colocadas em armadilhas, atraindo os insectos e desviando-os das culturas. Podem, também, ser utilizadas para atrair os predadores ou parasitas naturais.

Vantagens:

  • têm uma acção muito específica;
  • são totalmente inócuas para o homem e animais domésticos;
  • servem para detectar precocemente as pragas;
  • respeitam o equilíbrio ecológico;
  • não incorporam resíduos tóxicos nos alimentos;
  • não desencadeiam nenhum mecanismo de resistência nas pragas.

Desvantagens:
  • a identificação, o isolamento e a produção de uma feromona é um processo demorado e dispendioso.

Utilização de hormonas:

As hormonas juvenis e de muda controlam o desenvolvimento e a reprodução dos insectos em diferentes momentos do seu ciclo de vida. A aplicação de hormonas sintéticas ou outras substâncias que interfiram com as hormonas naturais pode impedir que se complete o ciclo de vida do insecto.

A utilização de auxinas em campos de cultivo de monocotiledóneas permite controlar a proliferação de ervas daninhas. Como essas plantas são menos sensíveis às auxinas que as dicotiledóneas, a aplicação de grandes quantidades dessa hormona impede o crescimento de dicotiledóneas indesejáveis, sem afectar o desenvolvimento das monocotiledóneas


Biopesticidas:

Alguns microorganismos produzem toxinas, específicas e biodegradáveis, que podem ser utilizadas como pesticidas biológicos.

As toxinas Bt são aplicadas às culturas, protegendo-as das pragas de insectos, sem afectar os organismos de outros grupos.


Engenharia Genética:

A tecnologia do DNA recombinante pode ser usada para a introdução nas plantas de genes que codificam a produção de toxinas ou outras substâncias com acção pesticida. As toxinas Bt, quitinases e lisozima são algumas dessas substâncias.

A transformação genética permite aumentar a especificidade, eficiência e estabilidade dos biopesticidas e já foi testada em várias espécies de plantas.


Controlo Integrado:

O controlo integrado não tem como objectivo a erradicação das pragas, mas a sua redução e manutenção em níveis economicamente aceitáveis.

Os programas de controlo integrado de pragas baseiam-se no conhecimento e na avaliação do sistema ecológico formado pela cultura, pragas que a atacam, inimigos naturais, condições ambientais e outras, e associam diferentes métodos com o objectivo de aliar a produtividade das culturas à redução dos riscos ambientais.

A aplicação destes programas é complexa e demorada.

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