Produto para controlo do insecto da soja chega ao mercado em 2006 (19/09/2006)
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está a desenvolver pesquisas com semioquímicos (feromonas) para controlo e monitoramento de insectos que actuam como pragas na cultura da soja no Brasil. As pesquisas estão a ser conduzidas em parceria com a empresa privada Biocontrole - Métodos de Controle de Pragas Ltda. e vão resultar no desenvolvimento do primeiro produto biológico à base de semioquímicos para o controlo do insecto marrom da soja no Brasil.
Segundo um pesquisador, os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os insecticidas bacterianos e os botânicos.
As feromonas são os mais importantes elementos da comunicação entre os insetos. São substâncias químicas de cheiro peculiar, presentes em cada espécie, que actuam como meios de comunicação. Na natureza, as feromonas são responsáveis pela atracção de indivíduos da mesma espécie para acasalamento, demarcação de território e outros tipos de comportamento. Os cientistas reproduzem, em laboratório, as condições observadas na natureza para monitorar o comportamento dos insectos-praga e interromper a sua reprodução.
No momento os estudos estão mais direccionados para o insecto marrom da soja(Euchistus heros), mas o objectivo é estendê-los para todo o complexo de insectos-praga da soja, que inclui também: o insecto verde (Nezara viridula) ou maria fedida, como é popularmente conhecido, e o insecto pequeno (Piezodorus guildinii), além das espécies "Thyanta perditor", "Acrosternum impicticorne", "Acrosternum ubicum" e "Dichelops melacanthus" ou barriga verde.
Esses insectos estão entre as piores pragas dessa cultura, por se alimentarem directamente nos grãos, causando sérios prejuízos no rendimento e na qualidade das sementes. Dentre os principais danos, destacam-se: sementes com baixo vigor, menor teor de óleo, além do facto de que os percevejos facilitam a entrada de fungos, que podem causar outras doenças nas plantas.
Adicionalmente aos danos causados na cultura da soja, as mudanças ambientais e comportamentais induzidas pelas modernas práticas agrícolas têm preocupado produtores de algodão, pois durante a colheita da soja é observada uma grande migração dos percevejos para a cultura do algodão, danificando as maçãs do algodoeiro e reduzindo a produção. Essa migração tem ocorrido também para a cultura do milho, especialmente das espécies "N. viridula" e "Dichelops sp.", causando perdas em plantas de milho com até 25 dias de plantio.
Estudos estão a ser conduzidos também em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão para utilização dessas substâncias no controlo do insecto do colmo do arroz, "Tibraca limbativentris".
Cientistas estudam também a comunicação sonora entre os insectos
A equipa do Núcleo de Controlo Biológico da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária , vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está a investir também em estudos de comunicação sonora entre os insectos, em parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária( São Carlos/SP), com o objectivo de conhecer melhor o seu comportamento na natureza para poder manipulá-los em laboratório e viabilizar formas de controlo na agricultura.
Os estudos também estão a ser desenvolvidos com o insecto marrom da soja e podem ser muito úteis para atracção de inimigos naturais dessa praga nas lavouras.
Primeiro, o som é gravado a partir dos insectos em laboratório. Depois, são reproduzidos e testados com as pragas e seu inimigo natural, a vespinha parasitóide de ovos. O objectivo, é chegar a um pequeno chip contendo os sons emitidos pelos insectos para colocação em armadilhas que serão utilizados no campo para captura dos insectos e atracção de seus inimigos naturais.
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